sábado, janeiro 29, 2005

Uma cidade no centro do mundo

Quando eu era criança me perguntava por que viver em Porto Alegre, uma cidade fora da rota dos acontecimentos, longe de São Paulo, Rio de Janeiro, Buenos Aires. Queria viver numa cidade que aperecia todos os dias no noticiário como Nova Iorque, Paris, Londres. Queria viver perto dos astros do cinema, do futebol, da música. Mas tive muita sorte de viver em Porto Alegre. Aqui realizei coisas que talvez jamais realizasse se vivesse em outro lugar. Aqui fui capaz de ver Falcão jogar e conversar com ele, com Batista, com Renato Portaluppi, com Ronaldinho Gaúcho também. Trabalhei com Ruy Carlos Ostermann, com Divino Fonseca, com Júlio Sortica, renomeados jornalistas gaúchos. Visitei Luis Fernando Verissimo, fiquei amigo de seu filho, o cantor Pedro Verissimo. Mas Porto Alegre entrou para o mundo, para o noticiário mundial, quando foi criado o Fórum Social Mundial. E tive a felicidade de ver um debate que tinha, entre outros, dois dos maiores escritores do mundo: o uruguaio Eduardo Galeano e o português José Saramago. Era como se visse um show de rock com Beatles e Rolling Stones juntos. Foi uma coisa que jamais imaginei na minha infância, Porto Alegre no noticiário em todos os jornais do mundo, de uma forma positiva, linda e com toda a força democrática possível. Melhor do que isso só se eu estivesse sentado naquela mesa.

sexta-feira, janeiro 28, 2005

Uma aula de cinema

Quem cursa Jornalismo tem cadeira de cinema. Quem faz esse curso no Rio Grande do Sul tem a chance de ter aulas com caras do quilate de um Giba Assis Brasil e de um Carlos Gerbase, aventureiros que formaram uma escola de cinema junto com Zé Pedro Goulart e Jorge Furtado. A Famecos, faculdade de jornalismo da PUCRS, tinha outro professor, uma lenda viva do cinema gaúcho, Aníbal Damasceno. Este foi responsável por muitos filmes do precursor Vitor Mateus Teixeira, o Teixeirinha, um misto de cantor e ator gaudério. Aníbal era fã de Alfred Hitchcock e sempre mostrava na sala de aula alguns filmes do mestre. Planos, seqüências, cortes, ritmo e roteiro eram o que mais destacava. Tinha um lema: “todo filme tem que ter seu pó pelotense”, que significava que o filme tem que ter a alma do diretor, seu modo de viver e de ver a vida, um traço de sua cidade, de sua vila, de seu bairro. O mestre Fellini dizia que só conseguia colocar no seu filme as histórias de sua Itália. E por isso se tornou um dos maiores diretores do mundo. Furtado tem muito disso. Quem vê seu filme enxerga Porto Alegre em volta, mesmo que não tenha sido gravado aqui.
Essa introdução é só para elogiar Colateral, de Michael Mann. O filme retrata Los Angeles de uma maneira que só quem vive na cidade poderia demonstrar. A modo como o motorista de táxi se comporta é típico do californiano nascido e criado naquela cidade. O filme é uma aula de cinema por tem ritmo, timing e velocidade. Tudo ocorre no momento certo, da forma certa, com a força exata. Tom Cruise tem um dos melhores papéis da sua carreira. E é o vilão da história, um fato pouco comum. Jamie Foxx, o motorista, tem o completo domínio de seu espaço na trama, sem querer ser o ator principal, sabe que é apenas um ator de suporte (como dizem os americanos). Ele concorre a dois Oscar®, um por esse filme, e outro pelo Ray, em que é o ator principal.
Mas o filme em DVD traz outra coisa que torna essa invenção mais agradável, tem os extras, entrevistas, making off e erros. Os extras do Colateral têm as explicações de Michael Mann para as soluções no filme, como preparou um e outro ator, do porquê escolheu esse ou aquele ator e outras coisas. As aulas do Aníbal, que não eram as mais freqüentadas, seriam muito melhores com o advento do DVD.

segunda-feira, janeiro 24, 2005

Viva! O futebol volta aos domingos

Depois de um recesso de um mês, o futebol volta às telas da tevê com jogos nacionais. Ontem começou o campeonato paulista e o carioca, além do inglês e espanhol que continuaram durante as férias brasileiras. O gaúcho só inicia no próximo fim de semana. A última segunda-feira de janeiro vai trazer a alegria para os escritórios com os deboches da primeira rodada. Mas, sobre o futebol de ontem, o Real Madrid parece que está encontrando o caminho com Luxemburgo. O treinador brasileiro tem estrela. Com poucas rodadas, o Real diminuiu a diferença para o líder Barcelona, mas ainda não está jogando tudo o que pode. Sem fazer grandes mudanças, Luxa colocou a melhor zaga no time: Samuel e Helguera. Manteve os laterais: o fraco Michel Salgado e Roberto Carlos. No meio de campo, o time se acertou com a ótima contratação do dinamarquês Gravesen, Beckham, Zidane e Figo. Raúl e Ronaldo completam o time, porém Luxa ainda não criou coragem para retirar o ídolo espanhol do time e colocar Owen como titular. Na partida de ontem, Ronaldo saiu irritado, e com razão, com o treinador, que preferiu deixar o espanhol em campo mesmo ele não jogando nada. Sorte que o substituto de Ronaldo, o argentino Solari, entrou bem e fez um golaço. Luxemburgo não quer entrar em rota de colisão com a torcida espanhola mas pode estar a caminho de colidir com Ronaldo Fenômeno. Uma solução é retirar Salgado do time colocando o Beckham como ala, recuar Figo para a função do inglês e deslocar o Raúl para essa função, de vir de trás com a bola dominada e tentar a tabela com o brasileiro e com Owen. Queria que De León tivesse problemas desse tipo, mas tenho que me contentar com Somália, Marcelinho e Élton. Ê mundinho.

quinta-feira, janeiro 20, 2005

Charge, uma válvula para baixar a pressão

Andei conversando com meu amigo e ex-colega de PUC Rodrigo Pelicciolli, o Peli, um dos dez melhores cartunistas do Estado. Eu diria que está entre os cinco melhores, mas tem muita gente com mais nome nesta lista. Temos o Iotti, o Ronaldo, o Santiago, o Moa, o Marco Aurélio, o Edgar Vasques, o Adão Iturrusgaray, o Schoereder, entre outros, e o Peli não fica devendo nada a nenhum desses, talvez ao Santiago, que na minha opinião é o melhor. Comparável ao Santiago o paulista Laerte, que tem um humor fino, desenha como poucos e trabalha feito um condenado. Além disso, descobri um saite que tem as melhores chages do dia dos principais jornais brasileiros. Estou colocando como link para que todos possam rir um pouco para aliviar as tensões do dia. Vou tentar convencer o Peli a criar um blog ou mandar um cartoon por dia para eu colocar nesse bolg.

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Um belo filme feio

Dia 10 eu vi As Bicicletas de Belleville (Les Triplettes de Belleville, França, Bélgica, Canadá, Inglaterra, 2003), de Sylvain Chomet, que conta a história de um ciclista que é sequestrado durante a Tour de France. Os desenhos têm um padrão europeu, o que foge daquilo que estamos acostumados a ver, seja o desenho americano ou o japonês. É um desenho feio, mas extremanente engraçado. As velhas de Belleville são divertidas. Apesar do filme ser mudo, o que faz com que crianças não gostem, ele é ricamente musicado. No DVD tem explicações do diretor e desenhistas de como foi feito. O uso do camputador está perfeito, porque não parece um videogame, qualificando a imagem quando aparece 3D intercalada com a imagem normal, feita em acetato. Vale a pena, um filme nota 9.

Pelé Eterno

Outro dia assisti Pelé Eterno, de Anibal Massaíni, e caí de quatro. O documentário é muito bom mas a carreira do Rei é acima de tudo. Os caras conseguiram filmes de gols Dele que estavam em mão de colecionadores. Nos extras do DVD há uma reconstituição das imagens e se nota a dificuldade que é catar e dar a mesma qualidade para tantas imagens. E refizeram dois gols do Rei, um com um dublê e o outro da mesma maneira que se faz videogame. Pelé foi e para sempre será o melhor jogador de todos os tempos. Mas Romário tem razão: Ele é um poeta quando está de boca fechada. Na verdade, quem fala não é o Pelé, é o Édison. Pelé só existe (ou existiu) dentro do campo, com a bola nos pés. Quem foi ministro foi o Édison, ele foi o comentarista da Copa de 94, foi o Édison que o Galvão mandou calar a boca. E isso também dá para se notar no filme. Édison fala do Pelé em terceira pessoa, Ele é uma entidade. O que Ele fazia com a bola ninguém fez, nem Maradona, nem Ronaldinho Gaúcho (o melhor do mundo hoje em dia, sem dúvida), nem Ronaldo, nem Romário, nem Zidane (que Édison disse ser um dos cinco melhores jogadores de todos os tempos e ele deve estar certo). Vou comprar o DVD para ter ao lado dos meus livros de futebol. Nota 8

Dando um ois

Olá, pessoal! Resolvi que deveria começar a falar fiado para quem quiser ouvir. Coloquei o nome de Ximango Diário porque sou do RS e preservo a tradição, mesmo que não ande todos os dias de bombacha, mas o meu chimarrão é sagrado. Vou escrever aqui as coisas mais sem sentido possível, indo do futebol ao mundo do cinema, vou dar uma circulada pelo golfe e pelos quadrinhos de super-heróis, falar de política e coisas da vida. Por vezes ser chato, mas quem não é, por vezes engraçado, pelo menos tentar sê-lo. O importante é que este bolg sirva para divagar idéias, conversar virtualmente por quem se interessar e exercitar essa mania que tenho de escrever. Depois dessa apresentação vou escrever alguma coisa sobre cinema - na verdade será sobre dvd. Até!

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