sexta-feira, janeiro 28, 2005

Uma aula de cinema

Quem cursa Jornalismo tem cadeira de cinema. Quem faz esse curso no Rio Grande do Sul tem a chance de ter aulas com caras do quilate de um Giba Assis Brasil e de um Carlos Gerbase, aventureiros que formaram uma escola de cinema junto com Zé Pedro Goulart e Jorge Furtado. A Famecos, faculdade de jornalismo da PUCRS, tinha outro professor, uma lenda viva do cinema gaúcho, Aníbal Damasceno. Este foi responsável por muitos filmes do precursor Vitor Mateus Teixeira, o Teixeirinha, um misto de cantor e ator gaudério. Aníbal era fã de Alfred Hitchcock e sempre mostrava na sala de aula alguns filmes do mestre. Planos, seqüências, cortes, ritmo e roteiro eram o que mais destacava. Tinha um lema: “todo filme tem que ter seu pó pelotense”, que significava que o filme tem que ter a alma do diretor, seu modo de viver e de ver a vida, um traço de sua cidade, de sua vila, de seu bairro. O mestre Fellini dizia que só conseguia colocar no seu filme as histórias de sua Itália. E por isso se tornou um dos maiores diretores do mundo. Furtado tem muito disso. Quem vê seu filme enxerga Porto Alegre em volta, mesmo que não tenha sido gravado aqui.
Essa introdução é só para elogiar Colateral, de Michael Mann. O filme retrata Los Angeles de uma maneira que só quem vive na cidade poderia demonstrar. A modo como o motorista de táxi se comporta é típico do californiano nascido e criado naquela cidade. O filme é uma aula de cinema por tem ritmo, timing e velocidade. Tudo ocorre no momento certo, da forma certa, com a força exata. Tom Cruise tem um dos melhores papéis da sua carreira. E é o vilão da história, um fato pouco comum. Jamie Foxx, o motorista, tem o completo domínio de seu espaço na trama, sem querer ser o ator principal, sabe que é apenas um ator de suporte (como dizem os americanos). Ele concorre a dois Oscar®, um por esse filme, e outro pelo Ray, em que é o ator principal.
Mas o filme em DVD traz outra coisa que torna essa invenção mais agradável, tem os extras, entrevistas, making off e erros. Os extras do Colateral têm as explicações de Michael Mann para as soluções no filme, como preparou um e outro ator, do porquê escolheu esse ou aquele ator e outras coisas. As aulas do Aníbal, que não eram as mais freqüentadas, seriam muito melhores com o advento do DVD.

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