segunda-feira, dezembro 19, 2005

A Fera digital e a Bela de carne e osso



Por que ir ao cinema para ver um filme que você já sabe o final? O que Peter Jackson fez para valer a pena ir ver King Kong? Bom, é um filme longo, tem mais de três horas de duração. O gorila só aparece depois de uma longa introdução, que mostra uma Nova Iorque decaída em 1933, com um grande número de favelados e a quebradeira de empresas devido à depressão de 1929. Também apresenta os personagens principais: Ann Darrow (Naomi Watts), uma jovem atriz em busca de seu estrelato na Brodway, mas que passa fome com o fechamento do teatro em que trabalha e do desmanche de seu grupo teatral; Carl Denham (Jack Black), um cineasta de pouco talento que quer fazer filmes de aventura e tenta enganar os produtores para conseguir mais dinheiro, mas tem o mapa que leva à Ilha da Caveira; Jack Driscoll (Adrien Brody), um roteirista de teatro de certo renome, responsável por roteirizar o filme de Denham; Capitão Englehorn (Thomas Krestschmann), comandante do navio e caçador e traficante de animais; Bruce Braxter (Kyle Chandler), o ator de filmes de segunda categoria contratado para ser o par romântico de Ann Darrow no filme de Denham.
Como todo mundo já conhece a história, pois deve ter visto uma das versões antigas de King Kong, podemos passar às criticas. O que mais impressiona no Kong de Peter Jackson é o próprio macaco. Nas outras duas versões, de 1933 (de Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack) e 1976 (de John Guilhermin), a Fera era mecânica. Neste é digital. Algumas cenas foram feitas pelo ator Andy Serkins, que também faz o cozinheiro Lumpy, usando maquiagem e jogo de câmeras. Mas o Kong é o ator principal do filme. Ele é engraçado, ele é sério, é invocado, é brigão, dono do campinho (no caso, a ilha) e faz questão de mostrar que é o mais forte, é revanchista, é apaixonado, tem humor, e, principalmente, é inteligente. Na verdade, só falta o macaco falar. O resto ele faz.
Pode até ser exagero meu, mas acredito que a bela Naomi Watts deva reprisar o sucesso na carreira que Jessica Lange teve quando fez a Dwan, no filme de 1976, sendo depois reconhecida até mesmo para o Oscar. Ela é linda, jovem e aparentemente boa atriz. As aparições de Naomi junto à Fera digital a tornam mais bela ainda. Quem deixa a desejar é Adrien Brody, não que seja mau ator, que foi escolhido erroneamente para o papel de herói. Além disso, Brody tem um nariz tão torto que não dá para entender como faz carreira de ator sério e não como humorista como Martin Feldman, já falecido. E o melhor deles é Jack Black, que apesar de ser humorista consegue convencer como o vilão da história.
Os efeitos especiais são pontos fortes da película, com dinossauros mais ferozes que em Jurasic Park, insetos e outros monstros gigantes, e a própria reconstrução de Nova Iorque de 1933. Essa parte da ilha, de tão feroz que é, tornou o filme restrito a maiores de 13 anos nos Estados Unidos e para 14 anos por aqui. O som é espetacular, nos faz sentir na selva da Ilha da Caveira ou na Cidade da Maçã, além de fazer os rugidos de Kong parecer uma orquestra de animais selvagens.
A frase do filme é realmente a última, falada por Carl Denham, quando assiste o gorila deitado ao pé do Empire State Building rodeado por jornalistas e fotógrafos: “A Bela matou a Fera”. São três horas de aventura, como eram os filmes da década de 30. Mas talvez seja exagero a nominação de Peter Jackson para outro Oscar, assim como James Newton Howard, que concorre ao Globo de Ouro pela melhor trilha original. Mesmo assim, King Kong é um filmão.

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